Visitas 131767696 - Online 249

Domingo, 19 de maio de 2024

Política

07/05/2024 14:28:00

Quase 50 dias após sumiço, vereador reaparece, mas frustra expectativas e não explica ausência na Câmara de Vilhena

 
Vice-presidente da Câmara, Dhonatan Pagani, negou estar em Goiânia, mas foi duas vezes para lá no último mês
 
Depois de faltar a seis sessões na Câmara Municipal de Vilhena ao longo de três meses diferentes, o vereador Dhonatan Pagani (PL) reapareceu no Legislativo local nesta terça-feira, 07 de maio, pela primeira vez em quase 50 dias. Apesar de ter prometido, em entrevista à FOLHA em 09 de abril, que explicaria sua ausência, o parlamentar não revelou os motivos para se manter afastado de suas atividades, frustrando a expectativa de muitos que esperavam prestação de contas do jovem político, que sempre exigiu transparência da classe.
 
O período de “desaparecimento” começou em 20 de março, quando Pagani se ausentou de Vilhena para ir à Cuiabá (MT), onde pegou avião rumo a Goiânia (GO), destino que já tinha visitado por três dias no início de março, entre os dias 06 e 09. Após omitir as duas viagens, o primeiro problema para o Legislativo e Executivo gerado por sua ausência foi a rejeição de grande projeto de empréstimo de R$ 35 milhões para a Educação, na sessão de 09 de abril. Sem seu parecer na Comissão de Justiça e Redação (CCJR), da qual era presidente, e sem seu voto na sessão, o projeto não teve votos suficientes para ser aprovado.
 
Além disso, no dia 11 de abril, estava prevista sua participação em evento na capital rondoniense, como palestrante, com ingressos sendo vendidos a R$ 600. Ele discursaria sobre o uso eleitoral das redes sociais, as quais ele mesmo não atualizou com fotos ou vídeos novos por quase dois meses. Pagani cancelou sua presença no evento, mas não explicou onde estaria.
 
Em 15 de abril, a ausência ainda não explicada custou-lhe a presidência da CCJR, da qual foi destituído por ter atingido o limite de faltas não justificadas. No mesmo dia, apresentou documento à Câmara afirmando que as faltas aconteceram pois estava “tratando de problemas de saúde familiares”. A comissão é tida como a mais importante do Legislativo e, no ano passado, o parlamentar comemorou na internet sua eleição para o cargo.
 
Três dias depois, em 18 de abril, o vereador mudou de versão: em publicação apenas em texto nas redes sociais afirmou que “devido a questão (sic) pessoais, estou ausente nos últimos dias cuidando da minha saúde”.
 
Em 23 de abril, um de seus assessores entrega na Câmara de Vereadores um atestado de saúde de Pagani. O documento, datado de 02 de abril, é assinado por um ginecologista vilhenense e afirma que Pagani passou por consulta médica (sem especificar se presencialmente ou por telemedicina) e que, por causa da consulta, deveria ficar “afastado de suas atividades laborativas por um período de nove dias”. Sem código CID, que é a Classificação Internacional de Doenças, o atestado não indica especificamente qual seria esse problema de saúde. A Casa de Leis afirmou que não aceitará o atestado.
 
No pagamento de abril, devido a todas as faltas, teve desconto importante no salário. De R$ 10.500 o valor líquido que recebeu caiu para R$ 2.135. Além disso, no período de ausência o vereador faltou a três sessões ordinárias e três sessões extraordinárias, sem justificativa adequada.
 
O silêncio de Pagani se manteve até mesmo com grave denúncia feita na imprensa, no dia 22 de abril, em que o advogado Caetano Neto acusa sua esposa, Emannuela Gerhardt de Oliveira, de ser funcionária fantasma no gabinete do deputado federal Fernando Máximo, onde é comissionada. No dia 29, a jovem revelou no Instagram estar tomando antibióticos. Em contato com amigos próximos da esposa de Pagani, a FOLHA descobriu que Emannuela também deixou de frequentar as aulas na universidade e treinos de crossfit no período, deixando de responder até mesmo pessoas que tentavam contato por WhatsApp.
 
No dia 03 de maio até mesmo o aniversário de 04 anos de relacionamento do casal não foi motivo suficiente para nova foto de Pagani nas redes sociais, que apenas republicou foto antiga postada originalmente por Emannuela em 2023.
 
Hoje, na sessão da Câmara, era esperado que Pagani explicasse o comportamento faltoso aparentemente inédito na história da Casa, dado seu histórico “falante” na tribuna. No entanto, o parlamentar usou o microfone apenas para defender a aprovação do projeto de empréstimo de R$ 35 milhões, elogiar um projeto de lei de alteração de nome de rua e para bater boca com um enfermeiro na plateia.
 
Em relação à produtividade, até o momento, em 2024, Pagani apresentou apenas duas matérias, para alteração de nomes de rua. Nenhuma indicação, requerimento, projeto de decreto, moção ou resolução foram produzidos por ele neste ano, que caminha para chegar à metade.
 
Embora os boatos sobre sua saída da cidade, investigações criminais e até mesmo abandono do mandato se espalhem sem que sejam desmentidos, a FOLHA continua aguardando a posição do vereador, que foi o mais votado da história do município e, ao que tudo indica, deve quebrar o recorde também de faltas ao trabalho.
 




Fonte: Folha do Sul
Autor: Da redação

Newsletter

Digite seu nome e e-mail para receber muitas novidades.

SMS da Folha

Cadastre seu celular e receba SMS com as principais notícias da folha.