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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Meio Ambiente

01/11/2009 17:21:49

MADEIREIROS SENTEM-SE PREJUDICADOS COM AÇÕES DE ÓRGÃOS AMBIENTAIS

O mercado de madeira representou até 60% da economia de Rondônia nos anos 80. Mas hoje, a atividade agoniza no Estado. No Cone Sul, a queda no número de madeireiras foi 95% nos últimos anos. Em Vilhena apenas quatro empresas funcionam atualmente, enquanto madeireiros falidos atribuem à Sedam (Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental) e ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) seu insucesso.

José Trindade Lobato, diretor do escritório da Sedam de Vilhena, reconhece que a demora na expedição de documentos atrapalha o desenvolvimento do setor. “Tudo, até o licenciamento ambiental mais simples, passa pelas mãos do secretário estadual do Meio Ambiente Cletho Muniz de Brito. Isso gera uma demora muito grande. Porque se eu mandar um licenciamento para ser aprovado hoje, existem trezentos na frente”, explica. Lobato acredita que a situação pode atrapalhar o desenvolvimento de empresas em Rondônia.

Até 2006, o Ibama era responsável por aprovar ou reprovar a documentação dos madeireiros. Desde a criação do Estado, até esta data, segundo Lobato, o Ibama aprovou 186 planos de manejo florestal sustentável, necessários para o corte de árvores. “Desde que a Sedam passou a cuidar disso, três anos atrás, foram aprovados mais de 1,2 mil planos de manejo. Com essa dificuldade em conseguir documentos, as serrarias entraram em colapso. Nas décadas de 70 e 80, o setor chegou a representar 60% do PIB (Produto Interno Bruto) de Rondônia”, assegura Lobato. O diretor garante, no entanto, que até o final do ano a questão estará resolvida, quando cada escritório da Sedam receberá autonomia e poderá aprovar planos de manejo sem o parecer de órgãos de Porto Velho.

Segundo o analista ambiental e engenheiro florestal do Ibama José Lauro da Silva Gonçalves, a época da extração de madeira já passou. “Isso não é só culpa dos órgãos ambientais. A indústria em Rondônia se diversificou muito, tanto que exportamos granito, carne e até energia. Além disso, foi o Estado quem delimitou em 20% a área explorável de cada propriedade”, analisa. De acordo com Lauro, existiam mais de duzentas madeireiras no Cone Sul e hoje esse número não passa de dez. “Em Vilhena, somente quatro estão em atividade. Porém, para se salvarem, estes empresários deveriam ter se adequado ás novas tecnologias, explorado outras espécies e diminuído o desperdício”, recomenda.

Uma placa colocada na entrada de uma madeireira da cidade exibe, com inscrições garrafais, o número do registro do estabelecimento no Ibama. Elton Vieira de Andrade (FOTO), proprietário da empresa há 23 anos, conta o sacrifício na hora de conseguir documentos. “Não fechei minha empresa, mas reduzi em 50% minha produção e meu quadro de funcionários nos últimos três anos. Concordo que a fiscalização deva ser feita, mas a morosidade é muito grande e prejudica a todos nós”, destaca. Para não ir à falência, o serralheiro abriu uma marmoraria e dividiu os funcionários entre uma atividade e outra.

Aqueles que não tiveram a mesma sorte preferem não comentar o assunto. Um madeireiro vilhenense, que faliu há quatro anos e preferiu não ser identificado, disse que o Ibama dificultou sua regularização, o que lhe rendeu uma multa de R$ 10 mil. “Se eu visse um ambientalista hoje, o botaria para correr”, ameaça.

 

 

 





Fonte: Folha do Sul
Autor: Herbert Weil

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