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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Educação

04/03/2019 09:53:00

Com apoio de instituições, escola cria projeto para melhorar comportamento de alunos em Cerejeiras


Estudantes vão fazer sugestões para que os professores possam aperfeiçoar as aulas

A escola Castro Alves, de Cerejeiras, da rede pública estadual e que conta com alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, está sendo palco de um projeto inovador.

O projeto chama-se “Resgate à Cidadania” e tem como objetivo inicial a preocupação em melhorar no comportamento dos alunos. Além disso, a iniciativa tem como meta a melhoria da educação escolar oferecida aos estudantes.

Mas como surgiu a ideia do projeto? Continue lendo esta reportagem para saber.

O PROBLEMA
A escola Castro Alves passou a ter uma fama triste. A instituição começou a ser conhecida em Cerejeiras por causa de alguns desvios de comportamentos cometidos por estudantes, dentro e fora dos muros da escola.

O uso inadequado do celular por parte dos estudantes durante as aulas, as brigas de alunos marcadas pelas redes sociais e travadas no portão da escola, o uso de armas brancas por parte de alguns estudantes, a venda de drogas e outros entorpecentes na saída do estabelecimento escolar nos finais das aulas por parte de pequenos traficantes, estudantes fumando nos intervalos das aulas dentro da escola, dentre outros desvios de comportamento, foram algumas práticas que entristeciam os educadores da Castro Alves.

Como se não fosse o bastante, havia também a ameaça aos professores por parte de alguns estudantes e, para piorar, a pouca participação de muitos dos pais na educação dos filhos que freqüentam o colégio. É importante notar que a idade média dos alunos é de 14 anos.

A IDEIA
Diante deste quadro de realidade, a direção da escola Castro Alves decidiu buscar orientação no Ministério Público, na comarca de Cerejeiras, no final do ano passado. A princípio, foi apenas uma reunião informal, mas o promotor de Justiça Victor Ramalho Monfredinho, que atendeu os educadores, decidiu “comprar” a causa da escola e auxiliar os profissionais da educação. O promotor, então, propôs a elaboração e implantação de um projeto que tentasse resgatar o senso de cidadania dos estudantes, que corrigissem os desvios comportamentais dos alunos, mas que não deixasse de lado a participação dos pais dos estudantes e também levasse em conta o aperfeiçoamento da qualidade da educação. Aliviados com o auxílio oferecido pelo promotor e encantados com a ideia do projeto, os educadores aceitaram na hora o desafio.

O APOIO
Conforme foram incorporados os pormenores, a iniciativa ganhou apoio de mais entidades. Foram convidados (e aceitaram o convite) a Polícia Militar e a Polícia Civil, ambas em Cerejeiras. O comandante da PM, capitão Ivan César Vian, e o delegado de polícia, Mayckon Douglas Pereira, aceitaram o desafio de participar da ação. Também conheceu e se engajou no projeto a Coordenadoria de Educação de Cerejeiras (CRE), que tem como coordenadora a educadora Marlene Ribeiro de Souza.

Após mais uma reunião com educadores, promovida pelo promotor Victor Ramalho Monfredinho, foi realizada uma reunião na escola que tinha um objetivo bem específico: conseguir o apoio dos pais dos estudantes.

No evento, realizado no dia 20 de fevereiro, o promotor de Justiça e principal idealizador do projeto fez uma palestra aos pais, colocando diante deles a responsabilidade dos pais pela educação dos filhos. No evento, os pais também compraram a ideia e apoiaram o projeto (uma das fotos desta reportagem é da reunião).

A EXECUÇÃO
Desde o início das aulas deste ano, o projeto já começou a ser colocado em prática. Os alunos que apresentarem problemas de comportamento serão encaminhados para uma sala especial, onde terão aulas exclusivas sobre noções de cidadania, valores, ética, moralidade, respeito ao próximo e até aprendizado sobre o amor. Os educadores esperam que estes estudantes mudem seu comportamento neste ponto, mas, caso não mudem, o aluno terá um relatório que será encaminhado para o Ministério Público, e os pais serão chamados para uma conversa sobre o ponto que foi combinado no início do projeto, a saber, a participação dos responsáveis na educação dos adolescentes. Os educadores da escola Castro Alves esperam, no entanto, que nenhum estudante precise ser levado até a este último degrau do projeto.

O regimento da escola, após o projeto, passou a ter a clara proibição do uso do celular ou de outros aparelhos e o desrespeito ao professor e outros tipos de transgressão.

Por fim, o projeto não visa melhorar só o aluno. Os professores também passarão por incentivos de aperfeiçoamento, através da contribuição de depoimentos feitos pelos próprios estudantes. “Não vamos apenas cobrar os alunos. Vamos ouvi-los e perguntar a opinião deles sobre o que pode ser feito, para que cada professor se aperfeiçoe os seus métodos de ensino”, disse o promotor idealizador do projeto, Victor Ramalho Monfredinho, numa entrevista ao FOLHA DO SUL ONLINE. Os professores se dispuseram a ouvir e considerar as observações dos alunos.

Para auxiliar na execução do projeto, a escola conta também com o apoio da psicóloga Maria José Stranieri, que já era contratada pela rede estadual de educação.

No momento, o projeto está sendo executado. Alguns alunos já foram encaminhados para a sala especial, onde um professor e a psicóloga atendem o estudante transgressor. Com apoio das polícias que apoiam o projeto, a atuação de pequenos traficantes de drogas nas redondezas da escola está sendo combatida. Enfim, é um trabalho longo, mas os idealizadores do projeto prometem não desistir da causa.

A META
O objetivo de cada escola é oferecer educação aos estudantes. E, se for possível oferecer uma educação de qualidade, melhor ainda.

É neste objetivo primordial da escola que o projeto “Resgate à Cidadania” quer retornar. “A educação é a única alternativa de liberdade do cidadão. Só a educação oferece a oportunidade de o cidadão não depender do governo. E acredito que qualquer escola pode oferecer uma educação de qualidade. Eu acredito, por exemplo, que pode sair um cientista da escola Castro Alves. Por isso, o objetivo deste projeto não é só criar uma gama de regimentos e obrigar os alunos a segui-los. O objetivo do projeto é oferecer uma educação de qualidade, onde os estudantes aprendam as competências necessárias para prosperar ao mundo moderno”, disse o promotor.

A diretora da Castro Alves, Cirlene Colini Meira, também acredita que o projeto vai fazer diferença na vida dos alunos da instituição. “Esta iniciativa tem como objetivo resgatar os valores humanos, éticos e morais, que vão fazer a diferença para a vida futura destes estudantes”, disse a educadora.




Fonte: Folha do Sul
Autor: Rildo Costa

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