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Sexta-feira, 10 de maio de 2024

Terra

08/11/2019 18:17:00

Delegado que comandou ações da PF contra corrupção em Vilhena prende índios, é vítima de montagem e faz desabafo no Facebook


“Tenho sangue indígena como todo brasileiro (é verdade, fiz exame de DNA!) e dou graças ao Senhor por essa diversidade em mim”
 
 
Responsável pelas operações da Polícia Federal, que começaram em 2014 e até hoje rendem prisões e ações na Justiça, em Vilhena, o delegado Flori Cordeiro de Miranda Júnior usou seu perfil no Facebook para fazer um desabafo contra indígenas que estariam facilitando a atuação de garimpeiros na região de Espigão do Oeste.
 
Policial “de ação”, acostumado a “operações de selva”, Flori chegou a ser vítima de uma montagem tosca nas redes sociais, após prender dois índios cometendo ilegalidades e “protegendo” o maquinário que devastava sua própria terra.
 
Confira abaixo, na íntegraa postagem do delegado:
 
 
Para recuperar a verdade e clamar pela justiça!
 
Há dez anos percorro garimpos em terras indígenas em Rondônia. Conheço todos os principais que, com coragem pessoal (desculpe a falta de modéstia) e de meus colegas, enfrentei em alguns casos de forma pioneira.
 
Por terra ou pelo ar, a centenas de quilômetros selva adentro, gastei (e ainda hei de gastar!) parte de minha vida naquilo que penso ser meu dever como policial e minha sina como pessoa: o combate à exploração da terra pública/indígena contra apenas interesses pessoais de garimpeiros, financiadores e madeireiros ILEGAIS.
 
Até aqui tenho trocado respeito com lideranças indígenas e eles me respeitam. Pergunte a qualquer um desses caciques o que pensam de mim, mesmo aos caciques dos Suruis, o caso da foto-montagem aí de cima e certamente terão a verdade.
 
Acontece que o garimpo parece estar em vias de ser liberado em terras indígenas e os interessados não vão perder nenhuma oportunidade para usar o senhor, meu leitor e amigo, para ajuda-los a ficar ainda mais ricos.
 
Aqui eu entro na história que quero contar. No coração da terra indígena Sete de Setembro estourou um garimpo de ouro e diamantes. Desde então, com grande sacrifício a PF em Rondônia tenta abafá-lo e também o Ibama, mas a riqueza e a ajuda de poucos índios impedem seu fechamento.
 
Nesta última semana estive lá mais uma vez e me deparei com o indígena fumante protegendo as grandes máquinas do garimpo.
 
Foi colocado um adesivo na tal “PC” para misturar a comunidade aldeã Betel com a ilegalidade, como se todos os índios quisessem o garimpo e ele fosse o representante dos índios – mas até as pedras sabem que ele protege apenas o seu interesse e o de seus familiares BRANCOS (esses dias um parente dele matou um cachorro de um desafeto na aldeia e arrastou sua carcaça pelo terreiro com uma moto para demonstrar sua capacidade de violência e dominação).
 
Isso mesmo. Os senhores indignados com a foto-montagem estão defendendo índio contido no exercício da proteção de maquinário milionário de proprietários milionários que DESTROÇAM a selva e a cultura indígena com a introdução de garimpeiros ilegais com armas, bebidas, drogas e doenças.
 
A foto com o cocar foi tirada por mim, não o foi por terceiro sem que eu percebesse e o fiz com orgulho por saber que represento o espirito ancestral e atual de índios que querem viver sua cultura dentro de seu território intocado. Aliás, tenho sangue indígena como todo brasileiro (é verdade, fiz exame de DNA!) e dou graças ao Senhor por essa diversidade em mim.
 
Quando ao fumo, perguntem ao índio em questão se não foi ele mesmo quem me pediu para fumar e, mesmo preso!, lhe fiz a gentileza de acender um cigarro. Não devia, sou contra o fumo!
(coloco algumas fotos para demonstrar o que digo)
 

 




Fonte: Folha do Sul
Autor: Da redação

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