OPINIÃO: por que dois dos homens de bem de Rondônia, choraram e se abraçaram numa reconciliação pública, e hoje se odeiam?
Dimas Ferreira
Às vésperas do segundo turno da eleição para governador de Rondônia, no ano passado, o abraço acompanhado de choro, dado pelo empresário vilhenense Jaime Bagattoli no coronel Marcos Rocha, viralizou e não deixava dúvidas: ali estavam dois homens de bem, que colocavam suas diferenças de lado, e se dispunham a marchar juntos, em nome daquilo que julgavam ser o melhor para o Estado.
Pouco tempo depois da lacrimejante cena, a realidade se impôs: os dois aliados de então passaram a expor a antipatia mútua que haviam conseguido mascarar com o épico abraço de tamanduá. Jaime sequer foi convidado para a posse do homem em quem investiu dinheiro. E não esconde o ressentimento por conta disso.
Ainda que nenhum dos dois políticos seja deselegante o bastante para escancarar o ódio que parecem nutrir um pelo outro, os pequenos gestos falam por si. Quem convive nas cercanias de ambos sabem: dificilmente a relação será reatada.
Importante destacar: Jaime tem defeitos, como qualquer ser humano, e será criticado por isso ao longo de sua vida pública que já deu essa atolada logo na largada. Mas ninguém poderá colar nele a pecha de corrupto ou incompetente. Ao longo de quase cinco décadas, ele amealhou um patrimônio arquimilionário, sem ser acusado de malandragem.
Marcos Rocha, da mesma forma, galgou postos na Polícia Militar até atingir o ápice da hierarquia na corporação. Não há registros de malfeitos atribuídos a ele nestes quase 30 anos envergando a farda. Prova de que não há lama no currículo do militar é que ele ostentou sua ficha limpíssima, nos programas de TV e nos tribunais, quando brigava pelo cargo que acabou conquistando nas urnas.
Então, que raios aconteceu para dois representantes na “nova política” se engalfinharem tanto, se continuam tendo os mesmos objetivos na vida pública? Primeira resposta: não existe essa tal nova política. No máximo, pode haver homens novos na política, que foi, é e sempre será do mesmo jeito.
Se bem que também há homens velhos que conseguem fazer uma política que, se não é nova, ao menos não é carcomida. O melhor exemplo disso é o do ex-senador gaúcho Pedro Simon, que militou por uma eternidade num MDB apodrecido e pendurou a gravata, com mais de 80 anos, sem responder a uma mísera acusação séria.
Voltando aos dois brigões que inspiram este artigo... em nome da humildade, é bom que Jaime e Rocha reconheçam: se não estão brigando por vaidade, é por poder. Devem admitir isso, até porque não há como desmentir. E que sintam orgulho do motivo desta contenda: poderiam estar duelando por propina ou coisa pior. Menos mal que o motivo é apenas aquilo que faz parte da essência da política: ambição e orgulho!
*Dimas Ferreira é editor do FOLHA DO SUL ON LINE
Às vésperas do segundo turno da eleição para governador de Rondônia, no ano passado, o abraço acompanhado de choro, dado pelo empresário vilhenense Jaime Bagattoli no coronel Marcos Rocha, viralizou e não deixava dúvidas: ali estavam dois homens de bem, que colocavam suas diferenças de lado, e se dispunham a marchar juntos, em nome daquilo que julgavam ser o melhor para o Estado.
Pouco tempo depois da lacrimejante cena, a realidade se impôs: os dois aliados de então passaram a expor a antipatia mútua que haviam conseguido mascarar com o épico abraço de tamanduá. Jaime sequer foi convidado para a posse do homem em quem investiu dinheiro. E não esconde o ressentimento por conta disso.
Ainda que nenhum dos dois políticos seja deselegante o bastante para escancarar o ódio que parecem nutrir um pelo outro, os pequenos gestos falam por si. Quem convive nas cercanias de ambos sabem: dificilmente a relação será reatada.
Importante destacar: Jaime tem defeitos, como qualquer ser humano, e será criticado por isso ao longo de sua vida pública que já deu essa atolada logo na largada. Mas ninguém poderá colar nele a pecha de corrupto ou incompetente. Ao longo de quase cinco décadas, ele amealhou um patrimônio arquimilionário, sem ser acusado de malandragem.
Marcos Rocha, da mesma forma, galgou postos na Polícia Militar até atingir o ápice da hierarquia na corporação. Não há registros de malfeitos atribuídos a ele nestes quase 30 anos envergando a farda. Prova de que não há lama no currículo do militar é que ele ostentou sua ficha limpíssima, nos programas de TV e nos tribunais, quando brigava pelo cargo que acabou conquistando nas urnas.
Então, que raios aconteceu para dois representantes na “nova política” se engalfinharem tanto, se continuam tendo os mesmos objetivos na vida pública? Primeira resposta: não existe essa tal nova política. No máximo, pode haver homens novos na política, que foi, é e sempre será do mesmo jeito.
Se bem que também há homens velhos que conseguem fazer uma política que, se não é nova, ao menos não é carcomida. O melhor exemplo disso é o do ex-senador gaúcho Pedro Simon, que militou por uma eternidade num MDB apodrecido e pendurou a gravata, com mais de 80 anos, sem responder a uma mísera acusação séria.
Voltando aos dois brigões que inspiram este artigo... em nome da humildade, é bom que Jaime e Rocha reconheçam: se não estão brigando por vaidade, é por poder. Devem admitir isso, até porque não há como desmentir. E que sintam orgulho do motivo desta contenda: poderiam estar duelando por propina ou coisa pior. Menos mal que o motivo é apenas aquilo que faz parte da essência da política: ambição e orgulho!
*Dimas Ferreira é editor do FOLHA DO SUL ON LINE
Fonte: Folha do Sul
Autor: Da redação