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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Cotidiano

18/09/2020 09:29:00

Motoboy: rotina perigosa mas lucrativa que está abrindo oportunidades de empregos durante a pandemia, em Vilhena

 
“Apesar de ser comum acidentes envolvendo motoboys é muito raro um entregar provocar”
 
Devido às restrições da pandemia, que acabaram limitando o acesso das pessoas às lanchonetes e outros estabelecimentos considerados não  essenciais, um segmento que já era muito usado pelos comerciantes acabou ganhando força: as vendas por aplicativo e com entregas em domicílio (delivery).
 
Tendo que se renovar para se manter, os microempresários acabaram fortalecendo também uma profissão que, mesmo perigosa, acaba sendo muito lucrativa para os que não temem os perigos do trânsito, que são os entregadores, ou famosos motoboys e motogirls.
 
Porém, apesar de estar no auge, abrindo portas de emprego para muitos durante a pandemia, a profissão também marca presença constante nas páginas policiais, com envolvimento de entregadores em acidentes de trânsito graves e até mesmo no tráfico de drogas.
 
Para entender melhor a correria desses profissionais, que passam como um “raio” diariamente pelas ruas da cidade, a reportagem do FOLHA DO SUL ON LINE entrevistou Jeferson de Zorzi, de 23 anos, que está no ramo há três e se mostrou satisfeito com tudo que tem conquistado como motoboy.
 
Jeferson, que durante o dia trabalha com entregas de doces, fabricados pela própria esposa, e durante a noite, para uma pizzaria local, afirmou ter deixado o antigo emprego depois de começar a fazer bicos como entregador para um amigo e ter percebido que era muito mais vantajoso do que o trabalho com carteira assinada.
 
“Como tinha planos de me casar, comecei a trabalhar durante a noite para um amigo que tinha acabado de abrir uma pizzaria, e percebi que se dedicasse meu tempo integral a isso, poderia ganhar mais do que no emprego que tinha, que além de mais puxado, estava acabando com a minha saúde”, relatou Jeferson.
 
Com a pandemia, o jovem afirmou que a demanda de entregas aumentou muito, principalmente na pizzaria em que trabalha, pois antes, muitos clientes iam comer no local ou até mesmo buscavam, porém, como não estão mais servindo no espaço físico da empresa, a procura pelo serviço  subiu significativamente.
 
“Antes da pandemia trabalhávamos em sete entregadores por final de semana, agora estamos com nove”, afirmou o motoboy.
 
Já com relação à concorrência, Jeferson relatou que também cresceu muito devido o ramo ter aberto muitas oportunidades de emprego, mas nada que prejudicasse quem já estava atuando.
 
 
Com relação aos perigos enfrentados diariamente no trânsito e a velocidade com a qual transitam pelas ruas e avenidas da cidade, que mantem os motoboys sempre presentes nas cenas de colisões e capotamentos, tendo alguns já perdido a vida em Vilhena, o jovem afirmou que nunca tinha sofrido nenhum acidente, porém, há dois meses sofreu dois no intervalo de 15 dias, apenas com danos materiais.
 
“Apesar de ser comum acidentes envolvendo motoboys é muito raro um entregar provocar isso, pois sempre estamos muitos atentos ao trânsito. Nos dois que sofri eu estava certo e os motoristas assumiram os prejuízos do meu veículo. Agora a velocidade acaba sendo necessária, pois o cliente não quer saber se o motoboy saiu com cinco entregas, se está chovendo ou se é longe, só quer saber da agilidade, sem contar que ganhamos pelo que produzimos, não somos assalariados e se passar do prazo estipulado, alguns clientes desistem do produto e não recebem mais.
 
No entanto, Jeferson afirmou que a agilidade na entrega não tem nada haver com a imprudência de muitos entregadores, que são presenciadas todos os dias no trânsito, quando furam sinais vermelhos e até pulam calçadas para evitar os retornos.
 
Já em um assunto mais delicado, que é o aumento de ocorrências de motoboys entregando drogas, Jeferson desabafou: “eu costumo dizer que são as famosas ‘maçãs podres’, pois se a pessoa tem disposição para trabalhar todos os dias, ele tira até R$ 3 mil por mês, mais do que muitos professores que passam anos na faculdade e não conseguem tirar isso. E em Vilhena os comerciantes pagam muito bem, tendo estabelecimentos que dão até a gasolina por fora para os entregadores, não tendo necessidade do cara se deixar levar por dinheiro fácil assim, que acaba prejudicando a imagem da categoria, onde tem muitos pais de família que trabalham honestamente”.
 
 




Fonte: Folha do Sul
Autor: Leir Freitas

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