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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Geral

01/04/2020 10:48:00

Vilhenense que mora na Itália há dois anos relata situação no país mais atingido pela pandemia de Coronavirus

  
“Fechar a economia de um país inteiro não é fácil”
 
O vilhenense Eduardo Hens, que atualmente mora em Milão, na Itália, e é naturalizado italiano, conversou com o FOLHA DO SUL ON LINE sobre como a pandemia do novo Coronavírus tem afetado o país, que até então perdeu mais de 12 mil cidadãos para o vírus.
 
Há dois anos no país europeu, ele comenta que a demora do governo para tomar uma atitude quanto à contenção do vírus, porque no início acreditou que não seria tão grave, contribuiu para agravar a situação. “Fechar a economia de um país inteiro não é fácil. Você vai tomar uma atitude drástica dessas... é muita gente desempregada. São 60 milhões de pessoas, e como vai dar subsistência para essa gente toda”, comentou e acrescentou que a demora para tomar a decisão de fechar tudo foi a causa do grande índice de infectados. “Se tivesse sido tomado primeiro, talvez não teria chegado a tal ponto”.
 
Assim como no Brasil, não são todos os comércios que pararam na Itália, como os supermercados, por exemplo. Porém, mesmo diante da situação que o país enfrenta, a reação da população tem chamado a atenção, porque enquanto uns levam a sério o problema, outros pensam que é brincadeira, segundo relata o vilhenense.
 
“Tem pessoas que acabam não respeitando a quarentena, porque acham que como estão só passeando no parque não vão ter problema; outros estão com muito medo, e a maior parte está em quarentena total. Só pode sair mesmo pra poder fazer compras e à farmácia”, disse.
 
Eduardo acrescenta que há muitas pessoas desesperadas, porque a pandemia aconteceu rápido, em menos de 30 dias, e que alguns italianos ainda tentam entender o que acontece no país.
 
Já quanto ao atendimento aos que pegaram o vírus, a recomendação do governo italiano é que os infectados não saiam de casa e há um número de telefone disponível para prestar ajudar ao enfermo.
 
“Grande parte vem, passa, vai embora essa doença; as pessoas não chegam a precisar de um atendimento. Em caso de falta de ar é que vai entrar em contato com o hospital, que virá realmente te dá uma assistência”, comentou.
 
Mas, esse atendimento tem sido coletivo. A prioridade tem sido dada ao atendimento dos mais jovens. Se chegar a um ponto em que não tem mais UTI disponível, os idosos ficam em um tratamento em que a doença é deixada evoluir normalmente, e esse é o motivo do número de mortos.
 
“A própria Itália só tem 4 mil UTI’s, e a pessoa precisa de 15 e 30 dias para se recuperar, já que em casos graves a o paciente só consegue respirar com entubação mecânica. Eles realmente estão dando preferência para as pessoas mais novas, que têm mais chances de sobreviver”, revelou.
 
De acordo com Eduardo, como estão dentro de casa, não é possível ver o que acontece no mundo exterior sem ser pelos meios de comunicação. “Então, pelo que a gente sabe é isso: eles não estão deixando a pessoa para morrer, é que os hospitais estão em colapso, não têm condição de atender tanta gente”.
 
Conforme foi ditada a quarentena, foi obedecida. Fecharam escolas, pontos turísticos, restaurantes e casas noturnas. “Mas, não foi o suficiente. Por final, eles fecharam os canteiros de obras, fábricas, onde o pessoal trabalhava. Quando fechou passei a ficar em casa”.
 
Com a contenção acontecendo de forma gradativa, mesmo assim a população se recusava a seguir as novas regras, e por isso criou-se uma penalidade para quem fosse encontrado na rua. “E eu acho que vão ser tomadas medidas mais agressivas, porque tem pessoas fazendo caminhada, tem idosos ainda na rua, coisa que não pode. Como tem muita gente ainda andado, indo ao supermercado, fazendo suas compras normais, tá acontecendo esse contágio”, abordou.
 
Diante da situação, foi criado um ato governamental que pode ser baixado via internet. Além de o cidadão preencher com os dados pessoais, é necessário explicar a necessidade de sair de casa. Se passar por alguma autoridade, o documento deve ser apresentado
 
“Você não pode escrever qualquer coisa lá, tem que comprovar que é verdadeiro. Daí, esse documento prevalece. Tem certas coisas que não foram fechadas aqui, então a pessoa tem que comprovar naquele setor que está trabalhando, como agricultura, alimentícios, e só prova com esse documento”, explicou.
 
 
 
 




Fonte: Folha do Sul
Autor: Jéssica Chalegra

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