Santa Casa emite nota e comenta caso do jovem acidentado de 21 anos que teve morte encefálica constatada no Hospital Regional de Vilhena
Pai disse que não conseguiu transferir o paciente para outro hospital
Em uma nota enviada ao FOLHA DO SUL ON LINE, as instituições responsáveis pelo Hospital Regional de Vilhena (Santa Casa e Semus), onde ontem foi declarada a morte encefálica do jovem Carlos Eduardo de Lazzari, que tinha 21 anos, comentou o caso.
O site entrevistou o pai do garoto, que sofreu um acidente gravíssimo na BR 174: ele colidiu com outra motocicleta e foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros. Ao relatar toda a angústia que viveu, o entrevistado apontou falhas no procedimento e disse ter sido impedido de transferir o filho para outro hospital (CONFIRA AQUI a reportagem anterior, e LEIA ABAIXO a “Nota de esclarecimento).
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Santa Casa de Chavantes e a Secretaria Municipal de Saúde de Vilhena (Semus), vem a público esclarecer os fatos narrados em reportagem publicada por este site, onde familiares de um paciente jovem, movidos pela dor da perda, fizeram afirmações dentro da perspectiva de quem viveu momentos de muita angustia, onde depositaram sua fé e esperança na busca de uma solução para o triste episódio que acabou por ceifar a vida do seu ente querido.
A fim de esclarecer os fatos à luz dos dados técnicos, reiterando aqui nossa consternação pelo falecimento de um rapaz tão jovem, informamos que o paciente deu entrada no Hospital Regional de Vilhena às 06:22 do dia 11/11, em estado grave devido aos ferimentos causados pelo acidente e foi levado pelos Bombeiros para a sala de estabilização, onde recebeu o primeiro atendimento. Logo às 07:02 minutos, foi encaminhado para a sala de Raio-X, onde fez diversas imagens radiográficas, retornando para a sala de estabilização às 08:05, onde o médico de plantão fez uma avaliação do resultado dos primeiros exames.
Mesmo medicado e em observação após a estabilização, o paciente precisou ser levado para a sala vermelha, devido a uma piora súbita em seu quadro. Houve um “rebaixamento do nível de consciência”, como é chamado clinicamente, e o paciente precisou ser intubado para preservar suas vias aéreas.
Novamente estabilizado, a equipe solicitou outros exames. Tomografias de crânio, tórax e abdômen foram feitas, entretanto, apesar de os resultados não apresentarem nenhuma alteração, o quadro do paciente não mudou.
Não houve atraso na cirurgia e sim, a espera protocolar da estabilização necessária para garantir segurança ao procedimento. “Pacientes que não aparentem comprometimento de órgãos vitais, não entram pela emergência e vão direto para a sala de cirurgia. Antes é preciso estabilizá-lo para ter o melhor momento para fazer o procedimento cirúrgico”, disse o diretor técnico do HRV, o médico Willian Sabino. Assim que retornou da cirurgia, o paciente teve duas paradas cardiorrespiratórias e foi reanimado pela equipe.
O paciente não ficou abandonado, como alegado. Pelo contrário, teve todo o tratamento adequado ao seu quadro dentro das normas e com a empatia das equipes de apoio da Santa Casa e do Hospital.
As imagens internas das câmeras do hospital e o prontuário contendo todas as medicações e avaliações, comprovam que os procedimentos foram realizados de acordo com o que preconiza a legislação brasileira em casos semelhantes, dentro de um lapso temporal condizente com todos as ações realizadas, respeitando, durante todo esse período, a gravidade do paciente.
SOBRE A POSSÍVEL MORTE ENCEFÁLICA
O Protocolo do Ministério da Saude para o prognóstico de Morte Encefálica – ME, exige a avaliação por meio de exames clínicos, realizados por dois médicos diferentes – um tem que ser neurocirurgião - e depois é feito o teste de apneia, onde o paciente que está respirando por aparelho fica fora da ventilação mecânica por alguns minutos para se observar uma série de respostas e, infelizmente, nenhum teste apresentou resposta de atividade cerebral.
Um último exame, o eletroencefalograma, foi realizado três vezes durante o período de internação do paciente, e neles foi apresentada uma atividade elétrica mínima, o que pode ser atribuído até mesmo a um ruído do equipamento, mas, legalmente, o paciente não foi considerado em estado de morte encefálica. Porém, do ponto de vista neurológico, afirma o neurocirurgião Thiago Albonette Felicio, que tem especialização internacional, lamentavelmente, o paciente não apresentou viabilidade neurológica durante o período de internação.
Em momento algum foi descartada a morte encefálica, mas, devido a todos os exames clínicos e físicos realizados, respeitando o protocolo de ME, não foi possível fechar o prognóstico do ponto de vista legal.
SOBRE A TRANSFERÊNCIA PARA PORTO VELHO
A possível transferência para Porto Velho foi um pedido da família, e, mesmo contrariando todos os protocolos existentes para quadros como o deste paciente, houve a solicitação da vaga no sistema de regulação do governo, além de um esforço conjunto, especialmente no domingo, onde foram mobilizadas equipes do Hospital Regional, da Santa Casa e Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para analisar a situação.
A equipe médica do HRV se colocou à disposição dos familiares que afirmavam haver a promessa de uma deputada, de que a vaga e o transporte aéreos já estavam garantidos. Infelizmente, não constavam no sistema do governo, nem a vaga e muito menos o transporte.
Diretores do Hospital e da Santa Casa garantiram uma equipe de prontidão no domingo, para o caso de remoção, já que a lei exige o acompanhamento de um médico e um enfermeiro.
A Santa Casa se coloca à disposição para maiores esclarecimentos e reitera sua preocupação constante com a melhoria no atendimento médico do Hospital Regional de Vilhena.
Santa Casa de Misericórdia de Chavantes.
Fonte: Folha do Sul
Autor: Da redação